Não à guerra! Fora OTAN e Rússia da Ucrânia
A
disputa na Ucrânia, envolvendo a OTAN e a Rússia, não é um conflito isolado.
Ela reflete a crise geopolítica da atualidade, entre o imperialismo norte-americano
(e seus sócios: os imperialismos britânico e europeu) e um bloco imperialista
emergente, liderado pela China, e tendo a Rússia como potência regional
associada. É uma disputa entre potências (EUA x China) pela hegemonia da ordem
capitalista mundial. Nenhum dos lados representa liberdade ou autodeterminação
para os trabalhadores ou povos de qualquer parte do planeta – e muito menos
“anti-imperialismo”.
ENGLISH
VERSION | No to war! Go NATO and Russia from Ukraine!
A
OTAN, dirigida pelas potências ocidentais citadas no parágrafo anterior, dá
sequência a seu projeto de expansão ao Leste, chegando cada vez mais próximo
das fronteiras russas, com o claro intuito de isolar Moscou da Europa e deter o
avanço de sua influência na região. Em que pese as diferentes tonalidades de
discurso do governo americano (Biden) e britânico (Boris Johnson) com seus
pares alemão (Scholz) e francês (Macron), refletindo diferentes graus de
relacionamentos econômico-comerciais com a Rússia – a política desses blocos
imperialistas frente à expansão da OTAN e o bloco China/Rússia vem seguindo o
mesmo tom. Defendemos o fim da OTAN e sua interferência imperialista sobre a
soberania dos povos.
Isso,
porém, não significa que a invasão russa cumpra qualquer papel progressivo
nesse processo. A Rússia é um país capitalista – sob um governo autoritário, de
direita – que exerce forte (e opressiva) influência regional, especialmente nas
regiões que eram parte ou influenciadas pela antiga URSS. Putin reivindica o
projeto expansionista e opressor da velha Rússia czarista inspirada em “Pedro,
o Grande”, cuja foto ostenta em sua sala. Por isso, ao invadir a Ucrânia fala
que o mundo verá o que é a verdadeira “descomunização”. Da antiga URSS, o
regime de Moscou herdou um poderio militar que é superior ao poder de
influência do país na esfera econômica e o coloca a serviço de seu projeto. A
consolidação da aliança geopolítica com a China, sacramentada ainda mais na
recente declaração conjunta entre os dois países firmada na abertura das
Olimpíadas de Inverno em Pequim, mostra que há uma tentativa de formação de um
bloco para lutar contra o imperialismo americano, ainda que a Rússia não tenha
o mesmo potencial econômico que o país de Xi Jinping.
Tanto
a OTAN (EUA, GB e EU) quanto a Rússia (e China) disputam pelo potencial de
explorar outros países, outros povos. Os socialistas denunciam essa guerra como
uma disputa entre as burguesias desses países no tabuleiro geopolítico regional
e sobre quem vai explorar os recursos e oprimir trabalhadores e nacionalidades
ao redor do mundo, às custas das vidas de milhares de trabalhadores que sempre
são as maiores vítimas desses conflitos.
A esquerda não pode aderir à propaganda do
imperialismo ocidental e nem à invasão russa
Neste
conflito, a esquerda deve evitar dois erros:
O
primeiro erro seria absolutizar o papel opressor de Putin, e o fato de ter
iniciado a agressão militar propriamente dita, colocando-se ao lado da OTAN e
potências ocidentais, como se esses estivessem ao lado da autodeterminação e
liberdade do povo ucraniano. Um exemplo é a postura do novo líder do Partido
Trabalhista britânico, Keir Starmer, que chegou a visitar a sede da OTAN em Bruxelas
para demonstrar apoio a tal empreitada imperialista.
Na
verdade, a OTAN (principal aliança militar imperialista) busca expandir sua
influência na região do leste europeu colocando novas bases militares a cerca
de 1000 km de Moscou, como já fez na Polônia, e incorporando países do antigo
bloco socialista. A esquerda deve denunciar essa política expansionista sobre a
região como um elemento impulsionador do conflito que estamos observando neste
momento.
O
segundo, e que parte da esquerda parece mais suscetível, é o de encarar Putin
(ou o bloco China/Rússia) como um campo anti-imperialista, portanto
progressivo, nesse processo. A isso se mistura a simbologia de ambos os países
terem sido, no século passado, estados operários – e atualmente se colocarem em
choque contra o imperialismo hegemônico no mundo (mesmo que decadente), os EUA.
Putin
passa longe de ser um líder anti-imperialista, muito menos progressivo ou de
esquerda. Pelo contrário, como dissemos, seu Projeto “grão-russo” é o de
expandir a dominação de Moscou por toda a região, nos campos econômico e
militar, oprimindo nacionalidades e direitos individuais – como faz dentro da
própria Rússia, perseguindo ativistas, opositores, nacionalidades oprimidas e a
comunidade LGBT+. O aparato russo atua contra mobilizações populares em países
sob sua influência, como fez recentemente no Cazaquistão, sufocando
manifestações que exigiam liberdade e melhores condições para os trabalhadores
daqueles países.
O
recente discurso de Putin, dizendo que o desmonte da Ucrânia seria “parte do
processo de descomunizar o país” e a afirmação descabida que a Ucrânia seria
“uma invenção de Lênin” mostram o que é o projeto “grão-russo”: conservador e
reacionário.
“A
guerra é a continuidade da política por outros meios” (Clasewitz). A população
ucraniana não pode ser usada como bucha de canhão de uma guerra em favor dos
interesses das grandes potências.
NÃO
À GUERRA!
OTAN
E PUTIN TIREM AS MÃOS DA UCRANIA!
PELA
AUTODETERMINAÇÃO DO POVO UCRANIANO!
FORA
AS TROPAS RUSSAS DA UCRÂNIA
ENGLISH
No to war! Go NATO and Russia from Ukraine!
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